Angela Soares

Lucas 24. 13-35 (A Mensagem)

“E foi isso que aconteceu: ele se assentou à mesa com os dois. Tomando o pão, ele o abençoou, partiu e deu a eles. Nesse momento, seus olhos se abriram e eles o reconheceram. Então, ele desapareceu.”

Existem trechos e momentos na Bíblia que me sensibilizam profundamente e caminham comigo há muito tempo. Esse é um deles. Dois amigos no “des-caminho”, errantes, pela estrada de Emaús, mais longe que perto, mais frios do que quentes, desencontrados, atordoados, sem nome e sem lugar. A promessa se foi, a fé e a esperança também.

Até que alguém se aproximou deles e fez companhia, a conversa foi boa e o próprio caminho voltou a ser o lugar. Tiveram dificuldades para se separarem e o convite veio: Fica conosco, já é tarde.

Assim é a nossa vida – plena de sentido e graça – quando encontramos na companhia, no que fazemos, e no instante que não trocamos por nada – um lugar.

Momentos como esses são a mais pura evidência de que a presença divina não apenas nos toca – ela nos captura por inteiro. E sempre há ressurreição.

Na intimidade e no partir do pão há presença e reconhecimento do que é importante para a continuidade da vida. Nossos olhos se abrem e passamos a ver e pensar de um jeito que nunca pensamos. Quando estamos abertos à escuta e a partilha, a vida ganha sentido e esperança.

Há uma frase de Schopenhauer que faz um laço gracioso com essa reflexão: O que importa não é ver o que nunca ninguém viu, mas pensar o que nunca ninguém pensou sobre algo que todo mundo vê.

Minha intenção é que abramos os nossos olhos para o caminho que estamos fazendo e com quem estamos seguindo. O que é comum e está no dia a dia, clama para ser visto, sentido e tocado com a sensibilidade da alma.

Existe uma conversa de gente simples, mas sensível, que dá uma explicação brilhante para o fato de Jesus ter desaparecido naquela hora. Ele pulou para dentro deles. E assim segue com a gente até hoje.

Questionamento Pessoal

  • Existe alguma chance de me encontrar com o sagrado no cotidiano?
  • É possível revisitar o que já conheço com um olhar novo e a mente aberta?
  • Será que consigo valorizar as miudezas do dia a dia como sinais de algo maior que seguramente está acontecendo na minha vida?

Oração:

Ah meu bondoso Amigo, nosso companheiro, que caminha com a gente! Bendito seja esse dia em que pulou para dentro de nós, e nunca mais nos deixou. Faz arder o nosso coração ao nascer de cada manhã. Que ao caminhar juntos, os nossos olhos te vejam. Eu te amo. Amém.

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