Enfim chegou o mês em que enfatizamos questões relacionadas a Saúde Mental, como a única forma de viver mais e melhor.
Precisamos pensar na perspectiva de sair em defesa da Vida e combater de forma assídua qualquer pensamento, intenção ou ações que se opõem a Vida.
O tema proposto para a campanha desse ano de 2025 é: Agir salva vidas.
Precisamos sair do lugar comum e ir ao encontro de atitudes honestas, porém simples, que tocam o coração com inteligência e discutem, como assuntos importantes que valorizam a vida, podem gerar novas perspectivas e sugerir maneiras inéditas de olhar e viver no mundo.
E eu gostaria de propor a você uma breve reflexão que acho muito interessante e que vai na contramão do que muita gente pensa.
Quem viaja muitas vezes, faz isso, para ver coisas que nunca viu.
E tem muito valor quando vemos coisas que pouca gente viu, por isso estamos sempre atrás de novidades.
Hoje em dia, mais do que nunca, existe uma supervalorização da percepção visual. Uma vinculação daquilo que vemos com as coisas que, supomos, sejam mais interessantes – com o valor das experiências na vida.
Então as pessoas investem muito – tempo e dinheiro para ver o que ainda não viram.
Algumas pessoas dizem: Nesse verão farei o sudeste asiático!! Em outras palavras: encontrarei no sudeste asiático, flagrantes do mundo que nunca vi antes! Enfim experiências visuais têm o seu valor.
Mas eu penso que também faz parte da vida, pensar diferente sobre o que sempre vemos. Pensar o inédito a respeito do que se repete no cotidiano.
E isso exige um investimento de outro tipo.
Se ir para o Sudeste Asiático exige uma passagem cara de avião, um turismo caro de fazer e infraestrutura para poder chegar aos lugares: PENSAR DIFERENTE SOBRE O QUE SEMPRE SE VÊ É BEM MENOS ONEROSO.
BASTA ESTAR ONDE JÁ SE ESTÁ.
Agora, se o fascinante é o inédito, ele pode vir não daquilo que estamos a flagrar, mas do que fazemos com aquilo que estamos a flagrar.
A interpretação que desperta, a reflexão que enseja, a opinião que consolida ou revisa.
E nesse propósito não há necessidade de nada diferente, a não ser uma disposição para a reflexão que será mais rica ou menos rica, mais aguda ou menos aguda, a depender de um instrumental de análise que você tem para o momento, e que exige mais leitura, mais estudo, domínio de conceitos, porque o domínio de conceito é o instrumental que usamos para pensar.
Se os óculos ajudam a ver, os conceitos ajudam a pensar, é a ferramenta do pensamento.
E é claro que quanto mais rico é esse instrumento, mais longe podemos chegar com as nossas reflexões, mesmo que seja a respeito do que sempre está diante de nós, sempre ao alcance da nossa visão.
E você pode me perguntar: mas porque não posso tornar a vida interessante através do que eu vejo mesmo e deixar o meu pensamento pensando como sempre pensou.
E a resposta vem aí: vai se tornar cada vez mais previsível o que você vai encontrar.
Quando o inédito da experiência tem a ver com o pensamento e a vida do espirito, o teto é outro e o céu não é o limite, ou seja, não tem fim.
É por isso que talvez Schopenhauer tenha dito alguma coisa nesse sentido, e vou tentar reproduzir:
O que importa não é ver o que ninguém nunca viu, mas pensar o que nunca ninguém pensou, sobre algo que todo mundo viu.
Talvez esteja aí o grande desafio, essa extraordinária competência de uma pessoa sábia. Tornar a experiência rica, mesmo sem sair do lugar.
Tornar a experiência rica mesmo sem dar aos sentidos, estímulos visuais novos, novos e novos, e não cair na perspectiva do: mais do mesmo.
De tanto apostar no ineditismo através do olhar, acabamos sucumbindo ao enfado de não conseguir ver mais nada de surpreendente.
A originalidade está no que a gente pensa, mais do que a gente observa.
Eu sugiro para nós uma originalidade mais a partir do que a gente pensa, do que a gente vê e não pensa.
Schopenhauer. Parerga und Paralipomena. (1851)