Caminhos….
Um poema tecido entre memórias, raízes e horizontes.
Venho aprendendo muito desde que cheguei a esse mundo, numa manhã de primavera do ano de 1969 – numa cidade chamada Pindamonhangaba, lugar onde o tempo escorria entre morros e esperanças.
Cinquenta anos me atravessam como rios, deixando marcas de luta, pedindo coragem e recomeços. Sou tecida de transpiração e inspiração, de evocação e invocação, de silêncios pensantes e tempestades que libertam. Sou feita de encantos também.
Reparo que neste mundo frenético, onde a pressa devora o sentido, resisto com o corpo, com o afeto e com a alma – trabalho cada vez menos e contemplo mais. Leio sempre, esqueço o que posso, mas me lembro sempre daquilo que importa. Reaprendo a viver a cada dia com o que é simples e o que faz o coração pulsar de verdade.
No ano de 1989 a academia me recebeu com uma certa estranheza e braços nem tão abertos assim. Menina do interior, filha do quase-nada, criei caminhos com palavras, como quem planta em terra seca. Ali também aprendi que ser humano é verbo: ser mais – sempre mais em ternura, avanços e coragem.
Então no ano 2000 ela veio, minha flor de carne e alma, nascida em milênios de maternagens ancestrais. Tornei-me abrigo, riso, colo, mesmo quando duvidei de mim. Hoje ela brilha, eu reflito um pouco nela.
Sou forjada de afetos, me reinvento com palavras, e sonho com um mundo que ainda está para nascer.
Vivo hoje em São Bernardo, mas carrego o mundo no peito – entre memórias que me sustentam e sonhos que ainda me guiam.
Sou feita de encontros entre olhares sinceros, trocas justas e o desejo constante pela libertação de qualquer forma de opressão.
E sigo….
Com passos enraizados no presente e olhares para o horizonte, sem pressa, mas com urgência de sentido.
Porque viver, aprendi, é costurar o agora com fios de esperança, mantendo a eternidade no coração.