Ah, que gracioso seria
me derramar em ribeiros escondidos na aridez da vida,
colher alegrias como flores
brotando em canteiros dispersos pela rotina.
No caminho gasto da vida,
quero viver no aqui e agora como o único tempo.
Sem pesos de ontem,
sem promessas de amanhã,
sem medo dilacerando a alma,
nem a secura do desencanto.
Só o presente —
sem deserto que endureça,
sem a aridez da desesperança.
Ainda bem que os dias se sucedem,
como marés que se alternam:
trazendo dor e o alívio,
a dúvida e a fé,
a tristeza e a alegria
o escuro e a luz tênue da alma
mesmo em dias ensolarados.
Que minhas lágrimas,
ao invés de poças de lamento,
sejam rega silenciosa —
para a fé que às vezes escapa,
mas insiste em me manter.